Federico Furiase defendeu o plano econômico e antecipou a nova lavagem de dinheiro: "Chegamos de ganhar competitividade com a desvalorização".

Federico Furiase , representante do Ministério da Economia no Banco Central , afirmou que a economia argentina passa por um período de transformação estrutural e que a anunciada "neolavagem de dinheiro" servirá para remonetizar o sistema sem recorrer à emissão de moeda. Como previsto, a medida pode ser lançada esta semana, após o término das eleições em Buenos Aires.
Em entrevista à Rádio Rivadavia , Furiase explicou que o objetivo do governo é consolidar uma nova abordagem macroeconômica baseada no equilíbrio fiscal, na livre flutuação do dólar e no crédito produtivo. Nesse contexto, ele rejeitou a lógica de ganhar competitividade por meio de desvalorizações e afirmou: "Esse modelo não é mais válido; precisamos mudar nossa mentalidade".
?? FURIASE SOBRE AGRICULTURA E A OFERTA DE DÓLAR @FedericoFuriase : "Estamos muito otimistas com a colheita e a liquidação que o setor agrícola terá. A maior oferta de dólares aumenta as chances de o dólar chegar ao piso da banda, que é onde o BCRA injeta pesos para... pic.twitter.com/a8I9cWOmU0
-Agustin Pistone (@agustin_pistone) 18 de maio de 2025
O economista destacou que, desde julho de 2024, não houve liberação de dinheiro para financiar o Tesouro e que o primeiro quadrimestre de 2025 fechou com superávit primário fiscal (0,6%) e financeiro (0,2%). "Precisamos entender que a economia mudou de regime. Sem emissão, com superávit e com o Banco Central recapitalizado, o dólar tenderá a cair para o piso da banda cambial", disse ele.
Ele também observou que o crescimento econômico atual está em torno de 6% ao ano, mas para sustentá-lo, "é preciso combustível", referindo-se à necessidade de reativar o sistema monetário sem alterar o equilíbrio macroeconômico.
Nesse contexto, Furiase anunciou que o governo planeja facilitar a entrada de dólares de fora do sistema por meio de um esquema que incentiva seu uso para consumo, investimento ou crédito. "A ideia é monetizar em dólares sem emitir pesos. É um modelo saudável que fortalece o crescimento sem perder as âncoras fiscais ou cambiais", explicou.
Embora não tenha especificado os valores, ele afirmou que a medida foi adiada por questões eleitorais, mas pode ser anunciada nos próximos dias. "Este não é um programa tradicional de lavagem de dinheiro, mas sim uma ferramenta que acompanha a mudança de regime. É uma competição entre moedas, como diz o Presidente", enfatizou.
Questionado sobre as tendências de preços, Furiase observou que a inflação de maio pode ficar "mais próxima de 2% do que de 3%" e que algumas estimativas privadas sugerem até 1,8%. "Não fornecemos estimativas específicas, mas os fundamentos indicam que a inflação continuará caindo. Não há emissão, não há déficit e o dólar não está nos pressionando", disse ele.
Ele acrescentou que a queda nos preços já está sendo observada em produtos como alumínio, alimentos e celulares, e que a redução de impostos e tarifas também desempenha um papel fundamental. "Estamos vendo os efeitos de um programa econômico coerente", disse ele.
Ao mesmo tempo, ele observou que o crédito cresce 50% ao ano em termos reais e que essa dinâmica reflete um ambiente de maior confiança macroeconômica. "Quando o Estado para de absorver recursos, os bancos começam a emprestar para famílias e empresas. Essa é a Argentina que queremos", explicou.
Furiase enfatizou que os agentes econômicos devem abandonar a lógica defensiva de comprar dólares a cada momento. "Esse processo não funciona mais. Ele te exclui do mercado. Hoje, o incentivo é investir, produzir, tomar emprestado, não fazer hedge", disse ele.
O funcionário também comemorou a campanha agrícola recorde e a melhora nos volumes de exportação no primeiro trimestre, como sinais de uma economia mais forte. "A competitividade hoje se constrói com base em superávits, impostos mais baixos e custos financeiros mais baixos. Não em desvalorizações. Isso já é passado", declarou.
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